A
primeira inspiração que me vem à cabeça é a lenda que influenciou muito
nosso anime. Essa lenda é retratada num livro oriental equivalente em
importância histórica aos livros de Homero, “Ilíada” e “Odisséia”, que
representam um marco para a literatura ocidental. Refiro-me ao livro
“Viagem para o Oeste” (conhecido no Japão por “Saiyûki”), que inspirou
muitos mangakas, inclusive o mestre Toriyama. Aqui para vocês, a
história de origem do nome do maior herói de Dragon Ball.
Saiyûki 西遊記
A
lenda de Sūn Wùkōng, (Son Goku em japonês e Sūn Wùkōng em chinês) é
famosa em toda a Ásia e nasceu de uma viagem que realmente ocorreu com
um monge, no início do século VII. Várias estórias de sua peregrinação
foram sendo escritas ao longo dos séculos, e no século XVI foram
reunidas no romance escrito pelo monge Wu Cheng’en, “A jornada para o
Oeste”, ou Saiyûki.
O
romance é o relato da jornada à Índia mitificada em torno de um monge
budista, em busca da Sutra (livro sagrado do Budismo). Na estória, o
monge é protegido por Sūn Wùkōng, uma figura com poderes extraordinários
nascida de uma pedra alimentada pelos Cinco Elementos, capaz de se
realizar 72 transformações polimórficas, excelente em combates, com capacidade em voar em nuvens, imunidade contra fogo e água e qualquer instrumento cortante, capaz de carregar uma montanha em cada ombro e até ficar invisível.

Sūn
Wùkōng tem a missão de proteger o monge em sua jornada para o oeste de
monstros e outras criaturas malignas, porque quem comesse a carne de um
monge teria vida eterna. Para combater esses perigos, Sūn Wùkōng utiliza
seus inúmeros poderes, que se pode dizer serem dignos de um
super-homem.
E
não foi só o Rei Macaco de “Jornada para o Oeste” que inspirou Akira na
criação de Goku. No decorrer da história percebemos outros conhecidos
de Dragon Ball também foram baseados nos personagens de Saiyûki. E não
só personagens, como também objetos. Confira outras inspirações:
Nyoibou (JP), Ru Yi Bang (CH), 如意棒
É
a arma usada pelo rei macaco, Sūn Wùkōng, em “Jornada para o Oeste”;
sendo uma barra de ferro, cujas extremidades são compostas por anéis de
ouro. É com tal arma que o Rei Macaco derrota o guerreiro Jade. Já no
mangá, o conhecido “bastão mágico” (nyoibou) é uma barra aparentemente
simples, mas que possui características incríveis. Capaz de crescer à
vontade e ser praticamente inquebrável, Goku carrega a herança de seu
avô Son Gohan por bastante tempo. E é após a grande batalha contra
Piccolo Daimao que descobrimos a verdadeira razão para a existência de
tal objeto: ele serve para ligar o mundo terreno ao mundo celestial,
fazendo a ligação entre a Torre de Karin e o Palácio de Kami-Sama
(Deus), bem acima da moradia do gato eremita.
Ficamos
sabendo a seqüência de donos dessa “arma” surpreendente. Guardado com
Karin-Sama que, depois de agüentar infinitos pedidos de seu discípulo,
Kame Sennin, resolveu entregá-lo tal bastão, já que imagina que nunca
haveria alguém que seria qualificado se encontrar com Kami-Sama. Daí,
Kame Sennin desceu a Terra e anos depois treinou seus dois primeiros
discípulos: Son Gohan e Gyumao (Cutelo). Provavelmente, Mestre Kame deu o
bastão à Son Gohan por ele ter sido seu melhor discípulo. A partir daí
já sabemos quem é o próximo dono do nyoibou: Son Goku, o maior herói de
todos os tempos!
Kintoun (筋斗雲)
Inspirado
na nuvem voadora que Sūn Wùkōng usava em “Jornada para o Oeste”,
Kintoun é uma nuvem mágica com princípios: somente os de coração puro
conseguem montá-la e controlá-la com um simples pensamento. Nos tempos
antigos muitas delas eram vistas, mas com o passar do tempo, elas foram
desaparecendo, por o coração das pessoas terem ficado mais obscuro com
maldades e pensamentos ruins. A kintoun de Goku foi um presente de
Mestre Kame, por ter ajudado a Umigame (tartaruga de Mestre Mutenroshi) a
chegar ao mar. Mestre Kame, por sua vez, adquiriu-a quando treinou com
Karin-Sama, mas com os pensamentos tarados, ele perdeu a capacidade de
montá-la.
Na
saga de Piccolo, Tambourine a destrói, contudo Karin-Sama presenteia
Goku com a verdadeira kintoun, uma nuvem voadora gigantesca. Goku,
humilde, pega um pequeno pedaço, suficiente para guiá-lo em suas
aventuras. Nosso herói utiliza a nuvem até conseguir dominar a técnica
de voo, bukujutsu. Mais tarde, até Gohan e Goten passam a usar a mágica
nuvem voadora.
Gyūmaō (JP), Niumowáng (CH), 牛魔王

Gyūmaō
significa literalmente “Senh or Boi-Diabo” ou “Rei Boi-Diabo”. No
romance “Saiyûki” é um dos vários demônios que tentam Sūn Wùkōng durante
sua viagem. Já no mangá, Rei Cutelo é introduzido como um gigantesco
bárbaro possuidor de um machado implacável que mata todos que se
aproximam de seu castelo em chamas, tentando roubar seus preciosos
tesouros.


Com
o passar do tempo, Gyumao, o pai de Chi Chi (esposa de Goku), assume um
papel secundário, de um senhor de família preocupado com seus amigos e
familiares.
Enma Daiō (JP), Yan-Lo (CH), 閻魔大王

Enma-Daio
é o nome japonês do deus budista dos mortos. Ele reina no submundo,
julgando as almas no que passam por ele. No Japão, este nome é usado
principalmente para assustar as crianças e parece estar ligada à
religião. Ele aparece em Dragon Ball como uma espécie de burocrata que
permite Goku manter seu corpo para treinar com Kaio-Sama.
Um
papel bastante importante na hierarquia celestial, Enma não só julga as
almas, encaminhando-as para o paraíso ou para o inferno, como também
permite que certos mortos mantenham-se com seus corpos (como o caso
quando Goku morreu) e permite que certos mortos voltem a Terra por um
determinado período.
SUGESTÃO:
Sugiro
a quem se interessou por este post e pela história “Jornada para o
Oeste” a assistirem ao filme “O reino proibido”, com Jackie Chan e Jet
Li, que trata justamente dessa lenda. Muito interessante o filme. Vale à
pena assistir! Abaixo, o trailer.
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